quarta-feira, 30 de setembro de 2020

DIY Home Office




Era março, meados de março, a peste avançava e a família decidiu vir toda aqui para Osório e iniciar um distanciamento social, que hoje já dura seis meses e só porque estamos todos de saco cheio, ele não vai acabar. O Brasil é um dos melhores colocados no número de tudo que não presta nesta pandemia e a insanidade mental demonstrada por nós ao lidar com esta doença, do governo ao povão, refutou completamente a ideia de que Deus fosse brasileiro.

Por outro lado, cada vez mais dependemos de um milagre para nos salvar ... afinal, o Presidente demitiu o Ministro da Saúde que era médico,  para empossar um segundo esquizitão que se demitiu um mês e pouco depois, dizendo que tinha uma carreira, e ai colocou um suplente milico no seu lugar para defender o uso da clororquina, quando a dexametasona acumula vitórias no mundo, e insistir na distribuição de um tal kit-covid que têm além do remédio para malária, traz um antibiótico para bactérias e um vermífugo...




O povão, diante de tudo isso, está morrendo e comemorando! Haja Roma para tanto Nero, e sem querer ser pessimista - só não consigo - a um mês atrás as estatísticas oficiais anunciavam mil mortes por dia, um patamar que foi alcançado em meados de maio e permaneceu assim até o início de setembro, e agora há uma onda de otimismo porque só estão morrendo 800 pessoas por dia.

Não há país no mundo (Estados Unidos não são ...) em que tenha havido "picomar" tão duradouro, vários atingiram mil mortes por dia, até bem mais, mas nenhum manteve o genocídio de sua população por mais que uma ou duas semanas antes de fazer a curva cair rumo ao controle. Aqui, abram-se todas as aspas e caspas: Que morra quem tem que morrer!

Esta é a política de enfrentamento e é por isso que falam em multiplicar por quatro os números oficiais. Se ultrapassamos 4,7 milhões de casos agora, provavelmente devemos estar perto 12 milhões, e se já enterramos mais de 140.000 pessoas, deve ter sido meio milhão, incluindo achados mortos e perdidos por síndromes respiratórias, infartos e septicemias que é a causa mortis mais genérica.

Não pode ser? Isso é coisa de comunista, esquerdista irresponsável, feiquinius, etc. Olha, na terra plana a taxa de mortos por recuperados é de 1 para 23, no brazéu oficial é 1 para 29. Apavora, mas tem mais, aqui tem gente contra a vacina porque é contra vacinas, esses idiotas tem no mundo todo, aqui a proporção só parece ser um pouco maior, mas aqui ainda tem uma coisa pior, tem gente também que é contra a vacina se ela for russa ou chinesa. Para essa gente eu recomendo um tratamento intensivo de ozônio, até estourarem, para deixar claro.



Cadernos ou Memórias do Cárcere 


O Lula passou 500 dias preso e esperou sair para escrever suas memórias aprisionadas, que não vou perder tempo lendo, já o Gramisci passou oito anos preso e não esperou saír para escrever obras importantes até hoje, então, inspirado neste exemplo de resistência e força, como ele, não vou esperar terminar a peste para escrever alguma coisa.

Durante estes seis meses minhas mãos sofreram mais com álcool do que meu fígado a vida inteira, pude entrar mascarado no banco, passei um inverno sem me gripar e descobri que se não podemos ver os amigos por força maior, dá uma saudade louca até daqueles que a gente não via a muitos anos, por outro lado, não ter que ver quem não se gosta é um prazer incomensurável.

Moletons devem ser lavados depois de uma semana, isso é importante... mas o foco aqui é sobre o trabalho, então vou por na máquina a roupa fermentada, enquanto uso apenas a roupa suja, e escrever sobre a montagem do home office.


Meu quarto, minha cela


Como disse, em março tudo mudou. Fazia dois anos que eu morava meio sozinho aqui no sítio, pois meu filho tinha ido para Porto Alegre fazer cursinho em 2018 e bem antes minha esposa arrumara um trabalho por lá e estava morando com sua filha, de forma que a gente só se reunia nos finais de semana  alguns. Tinha uma rotina, levantava pelas cinco da manhã, tomava café, comia algo, colocava o Floki e o gato chato para rua e, de carro, ia para a rodoviária pegar o ônibus. Um pouco antes das oito chegava no trabalho e ficava esperando abrir a porta do prédio publico que a ministra venenosa mandara fechar entre os expedientes para economizar luz depois que o chefe dela revogou o horário de verão - vai entender. Pelas 17:40 eu embarcava de volta para Osório e com sorte (quase sempre tinha engarrafamento na saída) antes das 19:00 eu estava dando comida para os bichos em casa, depois era jantar e dar colo para o gato, fazer festa com os pés no Floki e escutar um bom jazz lendo alguma coisa.

Bum, tudo mudou. agora pelas oito ligo o computador, olho e-mails, pego o telefone e confiro WhatsApp, Messenger, Gmail, Telegram e as novidades no FaceBook e no Instagram. Conforme as demandas novas e o saldo irresolvido do dia anterior vou resolvendo a burocracia do dia a dia e vez ou outra há alguma tele reunião. Esquisito são os telefonemas mesmo... Entre as "tasks" convivo em família fazendo um pouco de tudo, especialmente cozinhar, já que alimentar as bestas ficou com meu filho de encarregado.


Em finais de semana e quando sobra algum tempo me dedico a fazer coisas para não enlouquecer, e pode ser cortar o gramado, roçar algum potreiro, arrumar uma cerca ou plantar batatas. Dentre isso tudo, na minha rotina o que estava chato era que u perdera meu escritório para meu filho dormir e estava fazendo tudo no improviso, mas enche o saco e dói as costas trabalhar na mesa da sala ou sentado na cama, com aquelas almofadinhas de computador no colo.

Tinha que arrumar a coisa, então o jeito foi encostar a cama na parede para ganhar um espaço na cela e organizar um espaço de trabalho.


A Pitagórica   


Até um terraplanista sabe que o quadrado da hipotenusa é igual ao quadrado da soma dos catetos, poucos sabem para o que serve e menos ainda, só os melhores dentre os melhores, sabem que serve também para fazer uma mesa.

Quando decidi organizar meu espaço de trabalho não tinha nada em mente, só a sensação de que não dava mais para trabalhar onde se come e por isso me pareceu um bom começo fazer uma mesa de trabalho, então como o plágio é o pai da inspiração, fui olhar o Pinterest se alguma coisa que me agradasse fosse BBB: boa, bonita e "bemsimples". 

Semanas de pesquisa intensa e apareceu uma foto de uma menina numa mesa que me chamou a atenção, então procurei mais algumas fotos dela (a mesa!) e sentei para fazer o projeto, o que normalmente sai pelo SkechUp, mas desta vez, como também era terapia, fui para a prancheta empoeirada e desenhei minha primeira versão-cópia.

Nesta fase do projeto não me preocupei em saber as dimensões da mesa original, nem detalhes de funcionamento, na verdade fiquei só nas fotos e na imaginação, afinal, era BBB e eu sou engenheiro...

Tão pouco finalizei o projeto, ficou nesse esboço mesmo, sem solução a articulação do tampo, nem suas graduações e acabamento. Depois, claro, sofri um pouco com isso e alguns ajustes forçados foram necessários, mas foi possível especificar o que precisava de material e o importante é que emoções eu vivi...


Terapia é que nem coceira, é só começar... 


Primeiro a madeira! O Pinus tem muitos nós e fica fraco, o Eucalipto entorta muito, fazer de compensado naval daria um "look" modernoso demais, Cedrinho muito escura... Lembrei do Fábio, meu vizinho artesão artístico que já falei aqui algumas vezes. Ele havia me oferecido uma ponta de Pau Marfim que comprara anos atrás e que estava encalhada, pois ninguém procurava madeira clara, justamente o que eu queria.

Fui lá e encomendei as peças conforme o projeto, com alguma sobrinha e ajustes conforme as peças brutas. Esse é um lado bom de não fechar com muitos detalhes um projeto, que também é um protótipo, mas há um risco de se mudar tanto que acaba naquela estória da faca que quebrou o cabo e perdeu a lâmina.

A sorte ajudou, o projeto se ajustou bem nas madeiras brutas e apenas o tampo foi um pequeno problema, pois não havia tábuas, só caibros curtos e os mais largos com um pouco mais de 20 cm, assim ou faria um monte de serragem jogando dinheiro fora, ou o tampo ficaria muito pesado espesso com mais de 4 cm. A solução foi ele quem deu, desdobrar as peças mais largas no meio e como seriam finas, o tampo além de colado nas juntas também seria colado sobre uma base de compensado. Fiz isto, mas ao invés do compensado, preferi usar o resto de um armário que resgatara a vários anos da desocupação da casa foi da minha Vó, mas esta é uma outra estória.

Se alguém se interessar pelo projeto (ou quiser encomendar uma igual...), usei no tampo três peças de Pau Marfim de 20 cm X 117 cm x 1,5 cm coladas e pinadas sobre tábuas reaproveitadas de um roupeiro antigo que foi da minha Avó, o Fábio acha que são de Açoita Cavalo. Elas foram cortadas maiores por segurança e por isso tive que voltar no Fábio para esquadrejar  forma final, mas se tivesse usado um compensado, o teria encomendado alguns milímetros menor na loja e usaria ele de molde para emparelhar tudo com a Tupia usando uma fresa reta rolamentada em baixo.


A estrutura da mesa é simples: dois triângulos e uma barra. A princípio ia montá-los apoiando a hipotenusa sobre o cateto maior como na mesa do modelo, mas errei no corte e fiz ela apoiada na frente dele, como ficou horrível resolvi arredondar os topos. Os triângulos, desta forma, ficaram com a altura de 115 cm (cateto maior), a frete  inclinada com 122 cm (hipotenusa) e a base com 55 cm (cateto menor) dos quais 17,5 cm (8 + 9,5) são a altura das outras peças. Os tamanhos dos caibros antes dos cortes foram aproximadamente 130 cm X 8 cm X 4 cm, 120 cm X 8 cm  4 cm e 45 cm X 8 cm X 4 cm, os excessos foram cortados em ângulo na Tico-Tico, mas ante, as peças tiveram espigas e furos para os encaixes feitos nas suas extremidades, o que deu um bom trabalho, principalmente para furar no lugar certo quando há ângulos envolvidos.

A barra que dá sustentação em toda a estrutura ficou com 127 cm X 8 cm X 4 cm, pois em cada ponta há uma espiga de 3 cm que foi encaixada e colada em furos feitos nas laterais dos triângulos, por isso seu vão ficou com 121 cm, suficiente para encaixar o tampo de 120 cm de largura com uma pequena folga.

Sim, mas o tampo não tem 117 cm? Calma, como eu disse, ele foi feito colando duas camadas de tábuas, então para não ficar aparecendo estas junções feias nas laterais e na frente do tampo foram colados e pinados sarrafos de 3 cm de largura por 1,5 cm de espessura. Na parte de trás não, ali foi fixada com pinos uma tábua de 120 cm X!) cm X 1,5 cm que se sobrepôs a estrutura dos nichos.

Nichos? Sim, na foto de cima já é possível ver eles cortados no tampo. Eles são o resultado de dois desafios que tinham que ser resolvidos: como articular o tampo de forma que a mesa ficasse rígida e como evitar uma gaveta, já que era para pode inclinar o tampo como uma mesa de desenho.

Para articular a mesa ou usava uma barra, ou munhões nas laterais. Por sorte achei no comércio chapinhas furadas que já vinham com uma porca M10 soldada, então decidi pelos munhões: usei dois parafusos Allen de 12 cm de comprimento atarraxados nas placas aparafusadas em tacos de madeira fixados sob o tampo em cada lateral. Os tacos foram feitos das pontas que sobraram da montagem dos triângulos e foram colados e fixados com parafusos franceses transpassantes em nichos escariados no tampo para esconder suas cabeças com tapa furos de madeira.

Os munhões se apoiam em furos abertos nos triângulos laterais, desta forma a mesa pode ser nivelada em 65 cm (criança) ou  70 cm (adulto) e ainda ter o tampo inclinado confortavelmente (5°) a 85 cm ou servir para desenho em inclinações acima de 15° (95 cm).

Os nichos são feitos com uma chapa de compensado fixada em três triângulos sob o tampo, um de cada lado, fixados nos tacos dos munhões, e um no centro para dar mais rigidez. Eles são acessados por cima, abrindo-se as duas tampas fixadas sobre o tampo. Nele fica uma régua energizada para o telefone, a luz e o computador. A opção por um triângulo foi para deixar o fundo do nicho inclinado contra o tampo mesmo quando este não está nivelado.





O Plágio que não deu certo


É verdade,  comecei sem muita vergonha mesmo, a ideia era copiar a mesa daquela foto, ocorreu que fui errando e improvisando tanto que no fim o plágio virou inspiração.

Primeiro, por acaso, eu projetei para um adulto, prevendo um uso infantil eventual, já mesa que serviu de modelo, descobri bem depois, é de uma empresa alemã especialista em artigos para crianças, inclusive móveis e se chama Habermaaß & Co., ou Haba - fica em Bad Rodach, na Baviera.

A mesa da Haba faz parte de uma série de design denominada Anderson e possui medidas bem diferentes: 136 cm de largura e alturas de 52 cm até 72 cm, além de custar uns 600 euros, ou seja, uns quatro mil reais... 


Já a minha não passou dos 450 reais - sem considerar a mão de obra, porque foi terapia - e possui medidas e ajustes bem diferentes, além de não fixar o tampo por baixo, com uma estrutura de metal, mas por cima, com cabos de aço revestidos que passam por dois furos no tampo. Eles são fixados em ganchos nos triângulos e permitem o ajuste fino da inclinação da mesa pro meio de esticadores em uma das pontas. Eis um sistema original e barato, muito mais estilo pós-industrial que lúdico e ainda com muito mais funcionalidade.

Reconheço que o sistema de articulação do tampo é mais parecido, porém só no princípio, já que as soluções são completamente diferentes e ainda há uma grande diferença: no meu projeto o tampo fica na vertical facilmente, basta desengatar os cabos, com isto a mesa pode ser guardada em um vão de 55 cm, facilitar a limpeza ou liberar espaço no home office.

A mesa da Haba tem como opcional um gavetão e a minha um nicho interno acessado por tampas que não derrama tudo se o tampo for inclinado, além disso não é opcional, porque é uma coisa importante.

Igual mesmo são as linhas triangulares, a infraestrutura e as duas barras de metal suspensas, que ainda não instalei na minha e por isso não aparecem nas fotos.


E para sentar, não vai nada?


E no sétimo dia ele descansou.

Como? Não tinha cadeira e sequestrar uma da sala ia rolar.

Solução:  restaurar uma cadeira que também veio da casa que foi da minha avó e estava atirada no fundo do galpão. 

Ela estava sem assento e com uma tinta a óleo velha e suja, faltava um reforço de uma perna e estava meio guenza. A coitada está no estado original na foto abaixo. 



Solução, esmeriladeira com escova de aço e muita lixa em toda a cadeira, assim arranca atinta velha e já dá um acabamento razoável, depois foi lixar fino com a mão.




Para finalizar, encher o saco do Fábio novamente para conseguir um pedaço de compensado para o assento e fazer o reforço da perna que estava perdido, mas depois de colocar ele achei que ainda estava tudo meio frouxo demais, então ainda coloquei um parafuso longo por dentro de cada lateral de perna, tomando o cuidado de rebaixá-los e escondê-los com tapa furos de madeira iguais da mesa.

Pintei com verniz PU Majestic da Renner, não é propaganda, é dica mesmo, eu gosto muito deste produo, ele é monocomponente, não requer selador e seca bem rápido, além de ser para assoalho, logo não risca fácil. Só faltava o assento, que encomendei numa estofaria tradicional aqui de Osório chamada Gamba.




TRABALHE-SE


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Um pão nosso a cada dia




Um pão que chia 





Faço pães a alguns anos, nada sistemático, acho que até meio caótico. Agora, é um bom desafio, porque excetuando aqueles que pegaram fogo, uma minoria absoluta e em boa parte por culpa dos vinhos, todos os demais foram consumidos: sucessos em poucos minutos, fracassos em dois ou três dias.

Nestes tempos de isolamento o número de padeirxs caseirxs anda rivalizando com a produção pornográfica deste segmento doméstico, em que pese ainda não ter visto nada que juntasse isso aí no tocante, talkey. Espero não estar dando ideias, menos ainda inspiração, afinal, já tem abusados fazendo bread lives...

Bom, voltando ao tema, do Pão (!). Minha intensão não é discutir o infinito de possibilidades padeirísticas, há muitos livros e vídeos para isso, alguns amigos também compartilham ótimas receitas por aí e basta querer encontrar.

Interessa, espero, mostrar uma forma antiga e especial de fazer pão, que possui um sabor inigualável aliada a algo realmente útil: como fazer UM PÃO NOSSO!

Isso mesmo, porque há pouquíssimas receitas para se fazer um pão apenas, um único e certeiro pão! Pense bem se dez em nove receitas não ensinam a fazer massa para dois, três ou mais pães, e tu já caiu varias vezes na quela de ajustar a receita e acabar fazendo um pão tão grande que fica velho antes do fim, não assa direito, a farinha acaba com a massa mole, etc.

E mais! Fazer UM PÃO que caiba em um forninho minúsculo, destes elétricos de 100 reais (o meu custou isso ano passado). Falo isso porque já assei pães em tudo que foi forno e de muitas maneiras, mas o único desafio real que encontrei (além de achar a temperatura correta do forno de barro) é dominar estes fornos elétricos baratos, nos quais além de não caber quase nada, ainda não esquentam bem nem na quantidade de calor por falta de isolamento, nem na homogeneidade pelas duas ou três resistências.

A mãe azeda


Pão de Sourdough e manteiga artesanal.
Então vamos lá! Primeiro o Sourdough!

Calma, não é pão disso não, Sourdough é o que se conhece por aqui como massa mãe, mas infelizmente é muito raro ser usada, talvez porque vicie que nem crack.

Se fores místico, holístico, ocultista, alquimista, esquisito, etc., comece ela com um figo orgânico, posto para secar na sua cozinha (época do ano, palavras mágicas, luz da lua ficam a teu critério...) e use seu mofo como fermento. 

No presente caso ai do lado, fui mais objetivo, usei um pacote de fermento comercial (creia, tanto faz se é vivo ou em pó) dissolvido em um copo de água posto dentro de um vidro grande (usei um de chucrute) no qual se adiciona outro copo de farinha e se completa com água quase até a borda. Misture tudo e deixe uma noite (pode falar umas palavras mágicas, benzer, por no orvalho, no luar...).

No outro dia é só colocar no refrigerador (se colocar no freezer, jogue fora depois) com tampa, sem apertar muito e esquecer por uma semana no mínimo. Quando lembrar, coloque um pouco mais de farinha e misture novamente. É importante trazer o que está no fundo para cima e daí para a frente, mais um dia e já pode ir usando. Essa massa vai viver  para sempre na tua geladeira (sou antigo), na verdade poderá viver mais que tu, então pense em colocar ela no testamento.

Mas para que serve?


Antigamente, quando a vida era mais séria, não tinha fermento para vender. Padarias e famílias guardavam o seu fermento por gerações e ainda há umas poucas que fazem isso - faz um tempo li um artigo sobre uma padaria de São paulo que perpetuara um fermento vindo da Europa na imigração.

A massa mãe, ou azeda, é isso e conta a lenda que "pilgrins" americanos trouxeram seus fermentos da Europa em sacos guardados dentro da roupa, onde cuspiam para manter a umidade ... Bom, quem disse que eram só as salsichas e as leis que não se devia saber como eram feitas, não sabia fazer pão de massa azeda...

Talvez estejas tentado, mas realmente não precisa cuspir dentro do pote, ok! Apenas guarde na geladeira e na medida do uso, vá repondo a farinha, Se não usar por muito tempo, renove, pondo fora um terço e adicionando farinha nova e mais água. Sim, ia esquecendo! É que eu moro na Borrússia e não uso água clorada, mas é importante fazer o Sourdough com água mineral! Os fungos, por razões óbvias não gostam de cloro.

Um Pão Por Vez


Dissolver o Sourdough e a metade da farinha
Então vamos ao processo. Note que a farinha nacional aceita no máximo 60% de hidratação, ou seja, para cada 100 g de farinha não adicione muito mais que 60 ml de água (1 ml = 1g, 1 l = 1 kg).

Como não quero amassar com as mãos para deixar tudo mais tranquilo, até porque aquele negócio de 15 minutos é uma baita mentira, só usarei a batedeira simples que tenho, de liquidação mesmo, mas atente para os misturadores, se a tua não tiver ganchos, só aqueles batedores de bolo, esquece, não é para pão e vai ter que ser na mão mesmo.

Então a primeira coisa é dissolver o Sourdough na água (de novo, use mineral). A meta é um pão de 400 gramas, então coloque 200 ml de água e uma colher de sopa de Sourdough, não muito cheia, como na foto do lado, se usar muito vai ter um pão tipo IPA, com IBU acima de 30...

Mexa até dissolver grosseiramente, adicione duas colheres de sopa de açúcar (se usar mascavo o pão vai parecer integral) e outra, mas bem rasa, de fermento seco, isso vai adiantar o processo e conseguirás terminar em um dia. Depois de tudo dissolvido, misture 200 g de farinha - eu uso um copo de medida, mas quem tiver TOC, fique a vontade para usar balança - e ligue a batedeira por uns minutos até ficar tudo mais ou menos homogêneo. Da qui para a frente é com os bichinhos, deixe eles trabalhando umas horas.

Quantas? Normalmente eu esqueço e depois lembro no meio do filme. Quanto mais tempo, mais forte fica o gosto dos flavinóides no pão, só a sua experiência vai poder ajustar ao seu gosto. Importante deixar coberto e num local, se não quente, pelo menos não gelado.

Flávi o que?


Olha, se tu é terraplanista, esquece, mas se acreditas que algumas coisas podem ser explicadas cientificamente, sugiro ler o livro "Um Cientista na Cozinha" do Hervé This.

Finaleira Final


Bom, os ansiosos deixaram fermentar umas quatro horas, quem seguiu minha técnica amnésica deixou quase o dobro disso. Deve estar como na foto acima: uma massa levemente amarelada e fofa, cheia de bolinhas e com um cheiro leve de cerveja. É que o fermento dela é bem parecido, na verdade são parentes mesmo.

Ligue a batedeira e após bater um pouco, adicione uma colher de sopa rasa de sal (mínimo), sete ou oito de óleo (de milho é mais neutro, oliva da outro sabor) e aos poucos, mais 200 g de farinha. Bata mais uns cinco minutos e ainda se estiver grudando muito no fundo e nas paredes, adicione mais um pouco de farinha até ficar soltando um pouco mais fácil, Durante o bater eu ajudo com uma espátula de madeira e assim sei melhor se está soltando do fundo ou não para ajustar a farinha extra. Mais dez ou quinze minutos e estará pronto. Vai forçar a batedeira mesmo, ela tem que ser um pouquinho guerreira.

Massa sovada em ponto de bum-bum de nenê
Alguém astuto viu que a hidratação ficou perto de 50%, é por causa da batedeira, na mão teria que pôr menos água ou mais farinha, enquanto fosse sovando até dar o ponto de bum-bum de nenê que se vê na foto do lado. Sem conotações criminosas, por favor, é que fica parecido mesmo, na textura e na superfície com leve "celulite". A sova pronta está registrada na foto.

Segunda Fermentação


Agora é esperar dobrar de tamanho e para facilitar eu já deixo na forma mesmo. Tem que ainda reamasse e deixe crescer novamente, isso espalha melhor o fermento e deixa as cadeias de glúten mais estruturadas, resultando (as vezes) naqueles pães de foto, bem fermentados, mas isso só vale a pena se a farinha for importada.

Como a ideia é um pão o mais simples possível, sugiro untar uma forma de pão, enfarinhar (pode ser com farinha fina de milho) e deixar a massa crescer dentro dela mesmo. Inclusive eu faço isso dentro do forno, ligado quase no mínimo da força e pelo máximo que o timer permita. Assim se adianta um pouco as coisas e protege o pão dos eventos fortuitos. Não é raro, quando faço de tarde, esqueço e acaba ficando a noite toda, de manhã é assar e comer.
Uma dica importante! Nestes forninhos a assadeira fica muito próxima das resistências, então deixe o mais longe o possível das superiores e para não queimar nas de baixo, use uma pedra de pizza (a minha veio junto com o forno) ou uma tampa de panela de ferro, ou algo refratário embaixo da forma.

Facilita assar se forem feitos uns cortes na parte de cima, assim ele além de crescer um pouco mais, aumenta a superfície que recebe o calor.

Para assar eu ligo por 35 minutos no máximo e o resultado é o da foto lá de cima, com a manteiga que encomendo da Rede de Orgânicos de Osório.

Ai que nojo, manteiga sem fiscalização..


Olha, se tem algo que me apavora é a intromissão do estado na vida das pessoas, e principalmente dos agricultores familiares. É um absurdo ser proibida a comercialização de produtos animais diretamente nas propriedades. Não estou defendendo vender em feiras e no comércio esses produtos sem fiscalização, estou defendendo APENAS!!! o direito de uma família agricultora vender na porteira do seu sitio ou para seus vizinhos (o meu caso) os produtos que também consome na sua mesa.

É incrível, mas pela legislação eu não posso vender nem mel na frente da minha casa, o tratamento é de traficante! Por isso está mais fácil comprar drogas que um queijo colonial neste País. Parabéns aos envolvidos, se algum deputado com dois neurônios ler isso, talvez se desafie a propor uma leizinha só que seja para não atrapalhar que está quieto. Agora, a chance disso é pequena, afinal, nem esses quadriciclos eles conseguem permitir que se use trabalhar.

Mas e o pão que chia lá da foto?


Tudo igual, só adicionei na segunda fermentação, além das 200 g de farinha, mais um ovo e 150 g de farinha semi-integral com Chia (já vem pronta, mas use a que quiser). Este pão eu esqueci e teve que ficar a noite toda fermentando na forma dentro do forninho, mas de manhã foi lembrar e assar por uns minutos mais (40 eu acho).

Antes do fim!


Este post é para a Neide e o Lucatti, que estão lutando contra está doença vil lá no Norte e sei que vão vencer! É pelo que rezo.

Fermente-se!










sábado, 21 de dezembro de 2019

Forno Lego

E foi no mês que vêm



Estou  no fim das férias e contínuo escrevendo no celular, então perdão pelos erros, a menor parte é minha, o corredor ortográphico é de lascar...


Vamos ao que interessa. Depois do louceiro terminado haveria duas semanas para o Natal, então, dei-me conta de que no início do ano eu jogara fora o meu fogão chique, caro e ruim que vinha me enchendo a paciência a algum tempo. A única coisa boa nele era o forno, que sempre deu conta dos perús natalinos.

Neste ponto ou eu desistia do perú ou comprava um de padaria, via de regra caros e secos. Pensei que talvez não desse tempo, mas seria interessante fazer um forno, um projeto adiado várias vezes. Bom, então como na música do Vitor Ramil: "Foi no mês que vem."



"E tudo isso
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Foi na hora em que eu te vi
E mais que tudo
Foi no mês que vem
Foi quando eu chegar
Na hora em que eu te quis"

Fiz um inventário no galpão, eu queria usar só tranqueira,  se comprasse algo, teria que ser algo essencial e apenas para completar uma quantidade exata. Vi que tinha quase tudo, tubos quadrados de ferro de 100 mm e de 50 mm, os quais achara a mais de ano no ferro velho do Sebastião, um monte de pedaços de cantoneiras e barras T, uns duzentos tijolos maciços e mais meia dúzia de refratários.

Tava do jeito. Só ia faltar tijolo e cimento. Aí me dei conta de outra coisa: se usasse cimento não daria tempo, a cura levaria três a quatro dias e mais outro tanto para secar o forno devagar, com fogo fraco. Bom, o forno iglu ia esperar mais um pouco, a situação só permitia uma solução seca.





Forno de Barro sem Barro


Fui para a Internet olhar exemplos e gostei muito de um forno temporário que achei no instructables e de outro quadradão em um site com várias dicas. Olhei alguns livros que tinha baixado também, mas cheguei na mesma conclusão de sempre. Tinha que fazer e inventar ao mesmo tempo.

As consultas ajudaram a definir as dimensões mínimas, altura da porta (1.62 da largura) e do teto, exaustão, dicas de isolamento, tempo de aquecimento, massa mínima e algumas fórmulas de física que evitaram armadilhas na hora da execução.

A propósito, quem se aventurar na construção de um forno deve saber que se assa pães e carnes por volta dos 300°C, em 40 minutos a cada meio quilo (média), mas sem fogo vivo no interior do forno e porta fica fechada ou semiaberta. Pizza precisa atingir 500°C, e assa com fogo no interior do forno e a porta aberta, porque elas devem ficar prontas em cinco minutos, logo um bom forno de pizza não será o melhor para pães e vice versa.

Neste caso, o foco eram os pães e as carnes, então algumas  concessões foram necessárias:

Primeiro o tamanho, nada de 1,5 m2 para assar três a quatro pizzas e ter fogo vivo junto, também o teto teria que ser um pouco mais alto para pururucar e não para gratinar em segundos (sempre se pode levantar a pizza pronta na pá antes de tirar do forno).

Segundo, como não haveria isolamento térmico nesta etapa provisória, então teria que ser bem pesado para armazenar muito calor e funcionar por duas horas ou mais, mantendo-se na faixa entre 400°C e 200°C,  sendo possível assar uma pizza por vez mantendo fogo vivo no fundo, mas de forma mais restrita.

Terceiro, fazer sem rejunte, apenas encaixando os tijolos para que pudesse ser usado imediatamente. Com isso batizei de Forno Lego e porque preocupava o corte dos tijolos, tanto pela sujeira, quanto pelo tempo gasto, suas dimensões tiveram que ser múltiplas das dimensões dos tijolos:

  • Internamente ficou com dois tijolos ao comprido de largura e um pouco mais que três de lado na altura. No comprimento, cinco tijolos ao comprido. Em centímetros as medidas internas da largura, altura e profundidade ficaram, respectivamente, 45 X 35 X 95. Mais que suficiente para 6 pães, dois perús, um leitão, uma janela de costela e  umap grande por vez.

Física de Forno


Antes de explicar a construção do Forno Lego, permitam um pouco de física sobre o funcionamento de um forno negro (fogo dentro), pois alguns aspectos do projeto ficarão mais claros.

Calor

A gente sabe que as coisas do dia a dia esquentam e que o calor é energia que sai donde tem mais para aonde tem menos, então,  quando  algo está  quente é porque tem energia acumulada e uma parte está sendo irradiada.

Agora, quando se coloca no sol um tijolo e uma barra de ferro com a mesma massa e pelo mesmo tempo, vamos notar que elas vão esquentar até temperaturas diferentes, embora tenham recebido a mesma quantidade de energia. Isso acontece porque cada coisa tem sua forma de esquentar, ou seu calor específico.

Ele é usualmente medido em Kcal/°C Kg (quilocalorias por grau Celsius por quilo). A quilocaloria equivale a energia necessária para elevar a temperatura de um litro de água em um grau centígrado. O calor específico do tijolo de barro e do tijolo refratário são próximos de 0,2 Kcal/°C Kg.

No caso do Forno Lego isso é muito importante porque, ao contrário do forno a gás (ou elétrico), não será possível liberar calor queimando gás (ou aquecendo uma resistência) ao mesmo tempo em que se assa. Neste tipo de forno se faz o fogo antes e é o calor armazenado nos tijolos quem assa.

Juntando os tijolos: se quiser um forno mais leve, invista no gás e se comprar um iglu pré-fabricado, aumente a sua massa e isole para que ele consiga manter a temperatura quando for operado de porta aberta. Uma forma prática e barata é fazer uma caixa de areia fina envolvendo-o. Cinzas são, também, um ótimo isolante térmico.

Queimar a rosca


O bom funcionamento de um forno a lenha é garantido pela sua massa e pelo isolamento térmico externo (raramente lembrado no Brasil). O Forno Lego usou 341 tijolos cerâmicos (1,7 Kg)  e 85 refratários (2,0 Kg) e sua massa final ficou em arredondados 750 kg. Quando for para o local definitivo será bem isolado, principalmente o teto, onde as paredes ficaram finas (dois tijolos deitados).

Normalmente o forno é iniciado na temperatura ambiente, uns 20°C, e o fogo o aquece aos poucos, de dentro para fora. Quando atinge 300 graus centígrados ou mais no seu interior, o calor começa a acumular nas paredes. Chegar neste ponto é bem rápido, demora é para armazenar o calor nas paredes, normalmente duas horas ou mais nós fomos pesados.

Essa temperatura é importante porque a madeira apenas carboniza entre 95°C e 280 °C (pirólise lenta), perdendo umidade e alguma massa por volatilização. Ela inicia a combustão mesmo perto dos 300°C (pirólise rápida), quando também são liberados os gases orgânicos em grande quantidade. Eles são muito  combustíveis e se houver oxigênio suficiente vão queimar
elevando a temperatura da combustão até os 500°C ou mais, se faltar oxigênio, haverá mais produção de carvão e ele atrapalha, porque age como um isolante das paredes do forno. Nas forjas a carvão o ar é injetado, assim a temperatura fica entre 700°C e 1.000°C e ocorre a queima luminosa do carbono quando não há labaredas.




Tip Alert!

Quando o fogo inicia o teto do forno fica preto de fuligem, quando ela desaparece deixando-o branquicento, é porque ele passou dos 300°C e o forno está atingindo a temperatura de utilização. Isso leva de uma hora e meia a duas horas.




No caso do Forno Lego, para atingir 300°C em pelo menos a metade da espessura das paredes, se deve considerar uma massa de 325 Kg de tijolos e como calor específico de 0,2 Kcal/Kg, então, partindo da temperatura ambiente de 20°C, será necessário um pouco mais que 18.000 Kcal. Este resultado é obtido multiplicando a massa em quilos pelo calor específico do tijolo e depois multiplicando tudo pela diferença de temperatura. É a equação fundamental da calorimetria.


Fácil, SQN!


Para queimar a rosca mesmo, vai ser preciso um pouco mais. Precisa  ser considerarafa a eficiência da combustão e a do forno. Quanto mais seca a lenha e quanto mais isolado o forno, mais fácil será obter o calor de operação pelo tempo necessário.

Em termos práticos, fornos de paredes simples e sem isolamento vão atingir perto de 80°C por fora, quando lá dentro estiver 300°C ou mais e, pelo menos, a metade da parede já atingiu esta temperatura também. Esse é o mínimo para começar a usar o forno - nas paredes duplas do meu fogão de lenha ocorre assim, e o forno de ferro encrustado nele marca 180°C no termômetro da porta, neste ponto sei que lá dentro está 280°C e posso usar, mas é um forno branco, o fogo é por fora, e posso aumentar ou diminuir um pouco.

Agora a eficiência, que não tem como saber, exceto que, infelizmente, é bem baixa, pois não bastasse a combustão ser sempre incompleta, ainda há as perdas de calor pela chaminé, irradiação para o exterior pelas paredes e pela a porta que vai estar semi aberta para entrar ar.

Se pode tomar como base o cenário de um forno a lenha profissional de uma pizzaria seria. Nestes casos o consumo de lenha semanal gira entorno de 1,5 m3, ou 900 Kg, operando oito horas diárias, incluindo 1,5 hora de reaquecimento, porquê não esfriam completamente.

Nestes casos cada ciclo diário utiliza perto de 130 Kg de lenha e libera mais de 300.000 Kcal, concentradas no reaquecimento, ou seja, nas primeiras duas horas, as que realmente interessam o dono de um forno doméstico. Nelas deve ser consumido pelo menos uns 50 kg de lenha, ou 40% do total diário.

A massa de um forno destes é mais que o dobro de um forno doméstico, então para um forno como o Lego, medianamente isolado por paredes grossas, é razoável estimar que um consumo de 25 a 30 Kg de lenha seja suficiente para lhe aquecer e manter quente durante  poruma operação de três horas. Neste caso serão liberadas mais de 60.000 Kcal na combustão, ou seja, mais que o dobro se considerasse apenas a massa do Forno Lego como foi dito antes. Se for utilizado de porta aberta para assar pizzas, depois de bem aquecido e com algum fogo no fundo, deve assar bem cinco pizzas seguidas, em no máximo 60 minutos de operação - uma boa meta.

A lenha seca pesa entorno de 0,6 Kg por litro (600 kg/m3) , então um volume perto de 1,7 litro deve pesar 01 Kg e sua combustão em condições normais liberá aproximadamente 2.400 Kcal, como o Forno Lego tem aproximadamente 150 litros de volume interno, bastaria enche-lo até 10% do volume com lenha, algo como 9 ou 10 Kg e se obteria 20.000 Kcal.

Se obteria... veja, vada bicho destes reage de sua maneira e para medir é necessário um instrumental que não se tem, mas podemos usar os nosso sentidos e talvez um termômetro a laser de 50 reais...

 Voltando ao Forno Lego, para operará-lo por um tempo mínimo também será necessário considerar o restante da massa. As paredes vão precisar atingir entre 100°C e 150°C internamente (paredes triplas e duplas), isto significa que externamente elas vão beirar 60 °C. Será necessário  obter mais 6.000 Kcal no mínimo para isso. Se houvesse isolamento, possivelmente a temperatura externa não passaria de 40 °C e a interna estabilizaria pelos 400°C, uma grande economia de lenha (4 ou 5 vezes menos).


Wood fired pizza.



Como nunca operei um destes fornos comuns com paredes finas pré-fabricadas com cimento refratário, nos quais o isolamento quase sempre é a tinta PVA... só posso chutar: assar pizzas durante uma hora vai consumir 50 ou mais Kg de lenha e muitas queimarão.



E faça-se o forno


Primeiro dia:

Ele fez a luz, eu só a base de ferro e preparei as pernas e hastes da mesa, pois eram do ferro velho e estavam enferrujadas e com restos de tinta. Como no futuro pretendo fincar o forno em outro lugar, a base não será soldada na mesa.

Na foto dá para contar, a base tem cinco tijolos ao comprido por doze lado a lado, assim os ferros sustentam nas laterais dos tijolos e fica uma base bem resistente. Depois descansei.



Segundo dia:

Ele separou as águas do firmamento, eu cortei o que faltava de tubos de 50 x 20 mm e 50 x 30 mm e soldei a mesa e pintei com Hamerite que dispensa fundo (mais ou menos...). Depois descansei.




Terceiro dia:

Ele separou das águas uma porção seca, eu carreguei tudo para a garagem e montei a base sobre a mesa e preenchi ela com os tijolos velhos de barro. Sobre eles fiz mais uma camada no sentido inverso e praticamente terminei com meu estoque tijolístico (120). Ia descansar, mas houve um monte de problemas chatos, inclusive morreu meu cachorro velhinho, a quem dedico este projeto.




Quarto dia:

Ele fez o sol, a lua e as estrelas, aí para não ficar feio, Ele também arredondou a terra, já eu fui na madeireira e comprei o resto que faltava dos tijolos de barro e refratários, pois não tinha para as paredes. Levantei as laterai e forrei com papel alumínio, desse doméstico mesmo, vendido em rolos de 30 metros nos supermercados.




Ao separar os tijolos externos, de argila, dos refratários, internos, não será um isolante, claro, mas primeiro vai evitar buracos e depois ajudará na reflexão do calor de volta para dentro do forno, por isso o lado fosco ficou virado para fora...







Depois assentei a base refratária e as paredes sobre o alumínio e só faltava o teto, pensei em fazer plano, ia ser mais fácil, ocorre que ainda tinha umas peças curtas de cantoneira e seria bom montar uma chaminé. Complicou, mas valeu a pena. Fui descansar depois de cortar umas peças menores.  


Quinto dia:

Ele criou o perú e todas as demais aves, parece que para comemorar o nascimento do seu filho alguns séculos adiante, e também os peixes, talvez para comemorar o fim da quaresma na sexta-feira santa (prefiro as pagãs), que marca a ressurreição do seu filho na Páscoa, depois que nós o matamos e crucificamos. Já eu, soldei a estrutura do telhado, inclinando um pouco para melhorar a reflexão do calor no centro do forno e coloquei ela sobre as paredes. Detalhe: para ancorar o teto soldei duas cantoneiras em ângulo e invertidas, assim uma encaixou na borda das paredes e a outra acolheu o tijolo refratário do teto.


Com a estrutura no lugar preenchi ela com tijolos refratários e tapei o fundo do forno com uma parede de tijolos refratários deitados. Restava adaptar a chaminé velha que estava sobrando e cobrir o que faltava com mais papel alumínio, inclusive amassando um pouco nos furos que restaram. Por cima foram os últimos tijolos de cerâmica e fui tomar cerveja...




Sexto dia:

Ele fez merda, eu a prateleira e a porta, enchi de lenha e fui tomar mais cerveja...




Sétimo dia:

Ele  descansou, provavelmente achando que podia ter parado um pouquinho antes de criar a gente a sua imagem e semelhança... mas tem aquele negócio da perfeição. Eu, bom, eu preparei duas Galinhas Enrabadas e pus fogo para inaugurar.











A inauguração


Iniciei às três da tarde.  Acendi o fogo e fui no supermercado comprar as galinhas. Foram quase duas horas de porta aberta com fogo forte, apenas reforcei com mais dois ou três galhos grossos quando voltei, lá pelas 16:30. 

Quando era quase cinco da tarde retirei as brasas deixando um pouco no fundo.  Estava bem quente, quase não podia aguentar três segundos com as  costas da mão próxima da boca do forno.

Coloquei as Galinhas Enrabadas perto do meio do forno e tampei, mas devia ter esperado um pouco com a boca do forno aberta, pois a porta quase pegou fogo em 30 minutos - tenho que aumentar a proteção de alumínio. 

Nesse momento já estavam bem coradas e havia alguns queimados, é que eu não levei fé, mas devia ter protegido as galinhas com papel alumínio. Ficou pronto em uma hora e meia - lá pelas dezoito e trinta. Em seguida coloquei uma moranga inteira recheada com queijo, para aproveitar o calor e tampei novamente.

Destrinchei as aves e as recoloquei no forno perto das 20:00, a moranga já estava amaciada e a porta sofria...

Sobre a operação, onde havia paredes triplas (laterais e fundo), elas meramente amornaram até o final, mesmo depois de duas horas e meia do fim do fogo. Isso indica que podem  armazenar bem mais calor, talvez três horas de fogo sejam possíveis. O teto, que é de parede dupla, esquentou muito, mal dava para tocar, claramente um problema de isolamento.

Pelas 21:00 levei tudo na casa do Fábio e jantamos com sua família, o que me  me deixou feliz, tanto porque gostaram, quanto porque pude retribuir um pouco das tantas bóias filadas. Depois do perú de natal vou me desafiar com pizzas.


Tardo, mas não desocupo a moita


A receita, já me intimaram...

Bom, se posso deixar marinar por 8 ou mais horas, uso sálvia fresca, cebola, alho (pouco), azeite e vinagre de maçã com água, sal e pimenta. Nesta vez não deu tempo, então furei as aves e esfreguei um tempero pronto com páprica picante, pimenta, sálvia e noz moscada que misturei com um pote de iogurte natural e sal com alecrim. Antes de por no Forno Lego besuntei com bastante azeite de oliva.

Foi quase uma hora temperando e nas peças grossas achei que ficou muito fraco. Devia ter me organizado mais...

Para enrabar, usei uma lata de 475 ml de cerveja em cada uma, sem derramar. As aves são assadas de pé usando as latas como suporte.

A cerveja ferve e escorre por fora molhando a ave, mas depois de pronta, sempre fica um pouco no fundo das latas, então costumo derrubar elas e fazer um pouco mais de molho. Costumo destrinchar as aves e retornar ao forno mais algum tempo. Ia esquecendo, deixei na forma as folhas de um alho poró e ajudou no molho.

A Galinha Enrabada eu aprendi com um jovem cozinheiro num barco, quando visitei as comunidades da ilha que fica em frente a Santarém, no Pará, onde o Rio Negro se encontra com o Amazonas. Essa estória conto outro dia.






Nem tudo acaba em Pizza (atualização)


É ressaca, 01/01/2020, ainda traumatizado com as sobras da ceia natalina que não terminam antes de ficarem todas com o gosto e a textura  de prateleira refrigerador, decidi que para fugir do lombinho e da torta fria do ano passado,a seria bom encarar o forno e tentar fazer uma pizza.





Um pouco antes do natal chegara o termômetro de 50 pilas, e ele ajudou muito no assar o perú - que pela primeira vez ficou com molho demais - e nos testes de temperatura que fiz para confirmar a teoria. Recomendo!

Sobre o perú, pouco a dizer, apenas fiz o recobrimento das pernas com papel alumínio, do peito com fatias de linguiça e de toda forma com mais papel alumínio, que retirei no terço final, mais ou menos uma hora de forno. Quando estourou o aviso de plástico do perú,  coloquei umas frutas na assadeira e deixei corar. Não tirei fotos, afinal, era Natal.

Bom, a pizza já foi outra estória. Pelas 13h:00min fiz a massa mais comum o possível, não tinha nem farinha 00, nem 48 horas para fermentar... Se interessar, não sei como foi , só sei que foi assim: na vasilha média coloquei 500 gr de farinha vagabunda, um pouco mais da metade de um pacote de melhorador de farinha (dica: 50 ml de cachaça faz efeito similar), uma colher de chá cheia de sal e duas de sopa de leite em pó. Misturei e fui despejando aos poucos na bacia grande onde havia colocado e batido um pouco com o fouet uns 250 ml de água morna (use mineral, o fermento não gosta de cloro), um ovo sem toda a clara, uma colher de sopa cheia de açúcar e um pouco mais da metade de um pacote de 10 gr de fermento biológico seco.

Quando homogenizar a mistura ela vai estar pegajosa, aí é só sovar ela na mesa, adicionando azeite de oliva  e farinha aos poucos atéf lisa e não grudar mais - 15 a 20 minutos. Essa quantidade vai dar 3 bolinhos de 250 gr que devem ficar fermentando, quietos, por duas hora e meia no mínimo (cubra com plástico para não criar casca). Para dar mais gosto e crocância deixe, se puder, 8 ou 24 ou 48 horas no refrigerador, cobertos e sobre a caixa dos vegetais.






Enquanto fermentava fiz o fogo e deixei o forno bem quente, devia passar dos 350°C, pois é pizza e não pão. Quando tava quase quente, lembrei que não tinha uma pá de pizza e tive que improvisar... Não ficou muito boa, mas deu para o gasto e fez toda a diferença, para testar, no fim fiz uma pizza numa forma inox, ficou com gosto de pizza de restaurante.






Depois da temperatura mínima, empurrei as brasas para o fundo e joguei duas rachas de lenha grossa por cima para manter o calor alto.

Antes eu preparei as massas, o molho e os recheios. A primeira pizza foi de presunto seco, mozzarela de búfala e nozes, a segunda de ameixas secas picadas e amassadas com Karo direto no fogo, sobre lombo canadense defumado, mozzarela comum e nozes picadas. A terceira fiz simples, uma portuguesa bem comum. O molho, apenas tomates italianos sem pele amassados com um pouco de sal em fogo brando - as vezes coloco uma ou duas folhas de manjericão e um pouco de azeite.

Elas assaram em quatro minutos, com um giro em dois, não queimaram em baixo e mesmo com uma massa tão pouco fermentada, elas ficaram bem crocantes e crescidas nas bordas. O silêncio na mesa foi o teste de fogo...

A temperatura do forno ficou entre 400°C e 350°C na última pizza, deixei a porta fechada entre cada uma, pois a fome era grande e fomos comendo na medida em que ficavam prontas. Creio que tenha demorado uma hora entre a primeira e a última pizza. No fim dava para assar um bolo, talvez até uns pães.

A temperatura interna do teto passou de 450°C e por fora chegou a 100°C, já as paredes e o fundo não passaram muito do 400°C, embora fosse possível, bastando dar um tombo nas brasas (virar com a pá). Por fora, a base atingiu 60°C e as paredes 70°C, mas só quase no fim da segunda pizza. Em resumo, deu certo.







FORNEIE-SE




In Memoriam

Durante a construção do Forno Lego o meu velho cachorro velho, o Quequêwilson,  ou Kekê como atendia, virou uma estrela. Foi com mais de treze anos, vividos em grande liberdade e nenhuma noção. Por isto é dedicado e ele este post. Viver sem noção é muito difícil.

Confesso que não gostava dele, fora obra do meu filho, mas ele soube ganhar meu respeito, mesmo tendo me mordido algumas vezes. Sinto falta.

Era indestrutível, foi rasgado muitas vezes e nunca deixou de brigar com quem fosse, grande ou pequeno. Como era pequeno, quase sempre brigou com grandes e levou a pior, mas recompunha-se com antibióticos e comida especial.  Só bem velho precisou ir no veterinário levar uns pontos.

Eu, às vezes, o chamava de gatinho, era dócil, grudento, e tinha muitas vidas, mas agora vá em paz e espero que vires muitos abacates do pé que plantei junto contigo.












segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Um louçeiro para chamar de meu

Industrial Furniture

(Post escrito no celular, na rede, em plenas férias, então desculpem  os erros, ou  culpem o corredor ortográphico...)

Nome xiquedourtimo para descrever mobília que cruza ferro, madeira e pedaços reaproveitados de máquinas. Uma olhada no Google ou no Pinterest traz muitas ideias.

Eu não tinha nada de máquina para reaproveitar, mas andei cortando uns eucaliptos para fazer tábuas e um caiu por cima de um plátano, então resolvi mesmo foi reaproveitar o plátano quebrado.

O rapaz da serraria cortou peças curtas e grossas, uma pena, mas era inverno e estava difícil de tirar a árvore. Só para esclarecer, plátano, assim como o eucalipto, não é nativo e o corte de árvores isolafas é permitido fora de áreas de preservação permanente e dispensa licença.

O resultado final foi este:



Faltam algumas coisas, ainda não coloquei os puxadores, a prateleira interna e dar um lustro final. Para comparar, o projeto teve este armário como inspiração, mas como se pode ver, adotei um estilo mais rústico, até porque não tenho tudo que é ferramenta que preciso. O que me salvou foi a boa vontade do meu vizinho Fábio, artesão e artista de grande talento.




Uma diferença importante foi eu ter posto o vidro  e a grade por dentro.  Quem mora em locais onde há muita vida e poeira sabe como o pó e os pequenos insetos se acumulam fácil em todas as reentrâncias da mobília e como fica difícil manter as coisas mais ou menos limpas....

Outra diferença foi ter feito dois móveis separados, isso era comum antigamente neste tipo de armário, pois se se perdia a utilidade, sobrava uma cômoda. E foi por ela que comecei.




No início deste ano comprei um aparelho de solda mig sem gás (outro mundo) e meu primeiro projeto foi uma cama. Como soldara tudo errado e torto, larguei pela metade, então, quase oito meses depois, resolvi picar as cabeceiras e transformar na comoda. As medidas por fora ficaram 115 cm de largura e 90 de altura, com o armário superior a altura final ficou em 2 metros.

Foi interessante porquei pude jogar com as dimensões dos tubos para que a estrutura interna, ao receber as tábuas cortadas e desengrossadas no Fábio até  1,8 cm, tudo ficasse como se fosse encaixado. Para isso usei nos pés os tubos de 40x40 mm e no esqueleto os tubos de 25x25 mm. Abaixo a primeira prova do sistema.




No princípio pensava em usar compensado em tudo, mas como tive ajuda pude deixar o compensado só para o fechamento traseiro e o fundo das gavetas e do móvel, sem ficar aparente.

As tábuas de plátano foram desdobradas de peças com 5 cm de espessura e várias larguras e comprimentos. Primeiro cortamos (eu tentei não atrapalhar o Fábio) tudo na largura de 15cm, tirando as bordas, depois no meio, dividindo a espessura em 2,3 cm, mas passando duas vezes invertido na serra porque a profundidade máxima  era uns 7,6 cm. Aí foi passar na super desengrossadeira dele até às tabuinhas ficarem com a espessura de 18 mm, como se fosse um compensado.

Resultaram, então, várias tábuas, ou guias, de 15 cm por 1,8 cm de espessura entre 1,1 e 1,5 metros, com elas fiz os fechamentos, usando apenas stain como acabamento. É rápido e fácil de aplicar, mas é frágil e risca com qualquer pressão. Não recomendo em mobília mais nobre.

Para o tampo desengrossamos duas peças inteiras de 30 cm e de 20 cm de largura e um lado delas nós aparamos na serra para encostar um no outro. A espessura ficou 4,5 cm e só não gostei que os tons ficaram bem diferentes, a peça menor era muito mais clara. Por outro lado, o contorno natural do tronco deixou o tampo bem legal. Acho que valorizou no contraste.




Não precisou por trilhos para as gavetas, apenas soldei dois tubos na estrutura para que elas deslizassem sobre eles - tosco mesmo. As portas e as laterais, embora as tenha aparafusado na estrutura com parafusos autobrocantes (uma maravilha), também foram coladas, e aí foi outro pequeno desafio, porque eu não tinha grampos grandes o suficiente.

Dei uma pesquisada e achei boa a solução com dois tubos de 25x50 mm articulados e com um fuso em uma ponta. Assim, ao dar pressão longitudinal para colar as peças, os tubos também apertam perpendicularmente alinhando tudo. Dois em um. 






 O resultado dos grampos foi muito bom, como tem um monte de vídeos ensinando a fazer no Youtube, não vou aprofundar aqui, usei apenas tubos com 85 cm furados nas laterais para graduação.

Nas articulações usei pedaços de ferro de 1" x 1/8" de 80 mm e doze parafusos 3/8" por 1" de comprimento com borboletas. Para articular tudo usei dois pedaços de cano de 1/2" que furei no meio e coloquei uma porca de 3/8" dentro, para rosquear a barra de 3/8" que dá a pressão. Com mais duas porcas iguais em cada extremidade prensadas na morsa foi possível aparafusar as barras de ferro. Uma manhã de domingo....

Bom, a parte de cima usou o resto da cama e mais alguns pedaços de tubos de 35x35 mm soldados como uma caixa. As portas fiz com cantoneiras de 5/8" de serralheiro (2,5 mm) e soldei gonzos nos cantos. Cada porta ficou com 1050 x 500 mm aproximadamente.



O fechamento foi com chapas metálicas 20 (1,9 mm), cortadas e dobradas pelo Hoffmann Aço de Santo Antônio da Patrulha, gente boa, descomplicada e bom preço, variedade e facilidade. Mandei o pedido pelo Wasteapp, na hora deram o preço, transferi a grana e no outro dia peguei tudo pronto e bem certinho.





As telas são de chapa expandida com gomos de 25x50 em 4 mm (que resulta em 8 mm de espessura). Aqui vai meu agradecimento ao pessoal da MacroTelas, uma empresa gigante, que cobra justo e não distingue se o cliente é pequeno ou grande. Gente corajosa! Graças a eles fugi de atravessadores safados que sem agregar nada, queriam cobrar mais que o dobro.

Aqui vai uma dica:  para colar as telas por dentro, se soldasse poderia  quebrar o vidro, então coloquei um perfil de borracha nas bordas, tipo U de 4 mm, assim evitei encostar no ferro. Passei cola de silicone preta e em cima coloquei a tela, usando um outro perfil em U, mas de 8 mm e de chapa metálica dobrada. Encaixei ele nas laterais compridas da tela, assim ela ficou mais reta e, por fim, passei mais cola de silicone nas pontas. Tudo ficou exatamente da espessura das cantoneiras e só umas rebarbas de cola tive que cortar no outro dia. Ficou super firme e bem acabado.


Como esqueci de furar as portas para colocar os puxadores, vou encomendar dois ganchos magnéticos de neodímio no MercadoLivre e pronto. Ah, ia esquecendo, usei fundo galvanite e esmalte preto fosco em todos os ferros, com spray final nos estragamentos da montagem.


GUARDE-SE